Campanha salarial nas cerâmicas e mobilização da categoria
(Artigo de Ademar Rangel, Presidente do Siticecom – Sindicato dos Trabalhadores das Cerâmicas, Construção e Mobiliário de Limeira e Região, e da Feticom – Federação dos Trabalhadores da Construção de SP, publicado no jornal A Tribuna de Limeira)
Estão a todo vapor as negociações salariais do setor cerâmico da nossa região, que envolve as cidades de Limeira, Iracemápolis, Cordeirópolis, Santa Gertrudes e Rio Claro. É o segundo ano em que a negociação tem data-base fixada em março, desde que a Reforma Trabalhista inflamou os patrões na tentativa da destruição de todos os direitos da categoria.
Especificamente nas cidades de Cordeirópolis e Santa Gertrudes, o empresariado tentará por mais um ano combinar a fórmula que mistura o terrorismo da crise, com o ataque sistemático ao sindicato. O objetivo é deixar o trabalhador amedrontado, satisfeito por manter seu emprego, e sem boca para reclamar da possível perda de direitos. Aí, fica fácil negociar.
Além da mobilização intensa junto ao Siticecom, os empregados do setor precisam estar atentos a algumas informações. Em seus materiais informativos, empresários do setor da construção civil prevêm um ano de crescimento em 2020. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o setor deve evoluir 3% este ano, com perspectiva de contratação de 150 mil trabalhadores diretos, com geração de 500 mil empregos indiretos.
O Custo Unitário Básico (CUB) da construção civil do Estado de São Paulo, apurado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV), registrou alta de 0,32% em janeiro frente a dezembro, encerrando o mês em R$ 1.437,58 por metro quadrado. A própria recuperação do emprego na construção civil durante o ano de 2019 demonstram a clara tendência de alta no setor, o que inclui de forma direta o subsetor das cerâmicas no quadro.
Episódios como o do fechamento da Cerâmica Buschinelli, de Santa Gertrudes, revelam muito mais um problema pontual de gestão, do que o de crise. Não tem qualquer sentido exigir do trabalhador que renuncie aos seus direitos, em sacrifício pela manutenção dos empregos. Isto é mentiroso, e não podemos aceitar. Na Buschinelli, por exemplo, a culpa foi do grupo gestor.
Nossa Convenção Coletiva traz ganhos importantes, como por exemplo, o adicional noturno de 30% (Cordeirópolis, Santa Gertrudes e Rio Claro). O patronal sempre alega o “alto” custo deste direito, mas a especificidade do trabalho na cerâmica, que roda sem parar, deu margem a esta conquista ao longo dos anos, e o compromisso da categoria é fincar posição contra sua derrubada. Da mesma forma outros itens adquiridos duramente, e que cada vez mais aparecem na mira do patronal.
Sem mobilização, perderemos direitos que farão diferença fundamental no salário final do trabalhador. É preciso estar atento ao jogo dos empresários, grande parte defensora da redução brutal do custo do trabalho, sem qualquer responsabilidade social. Trabalhador consciente não cai nessa balela de “menos direitos, mais empregos”. Acompanhe as informações da campanha salarial pelo nosso site, pelo Facebook do Siticecom, e pelo programa A Hora do Trabalhador, na Rádio Educadora (AM 1020). Ele é exibido de terça a sábado, e transmitido pelo Facebook “A Hora do Trabalhador”.